Crédito, Reuters
- Author, Anthony Zurcher
- Role, Correspondente da América do Norte da BBC
- Twitter,
Durante a campanha no ano passado, Donald Trump prometeu que não toleraria a ilegalidade da esquerda nas ruas americanas e que usaria toda a força de seus poderes presidenciais em resposta.
Os protestos contra as ações do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas) na Califórnia, na noite de sábado (7/6), deram a ele uma oportunidade para cumprir essa promessa.
Não importa que o Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD) tenha afirmado que os protestos foram em grande parte pacíficos, ou que os mais disruptivos envolveram apenas algumas centenas de pessoas.
Autoridades do governo Trump disseram que agentes de imigração estavam sendo alvo de ataques e feridos — e que a resposta das forças locais de segurança havia sido lenta demais.
“Esperar várias horas para o LAPD aparecer — ou ouvir deles que não vão nos apoiar até que um policial esteja em uma situação de perigo — simplesmente não funciona quando há protestos violentos acontecendo”, disse a secretária de Segurança Interna, Kirsty Noem, à CBS News na manhã deste domingo (8/6).
O LAPD afirmou que “agiu tão rapidamente quanto as condições permitiram com segurança” e começou a dispersar as multidões 55 minutos após receber o chamado.
Apesar da objeção do governador da Califórnia, Gavin Newsom, Trump federalizou os 2 mil soldados da Guarda Nacional da Califórnia, e o secretário de Defesa, Pete Hegseth, alertou que os Fuzileiros Navais dos EUA também estavam em “estado de alerta máximo” para serem mobilizados — o que marcaria um uso raro das Forças Armadas em serviço ativo em solo americano.
Na manhã de domingo, Trump já declarava vitória e agradecia à Guarda Nacional por restaurar a paz — mesmo que os soldados ainda nem tivessem se reunido completamente.
Crédito, REUTERS/Barbara Davidson
A rapidez com que Trump reagiu sugere que essa é uma luta para a qual sua administração está preparada — e até ansiosa para enfrentar.
A Casa Branca acredita que a lei e a ordem, assim como a repressão agressiva à imigração, são temas que lhe trazem apoio eleitoral.
Suas ações vão empolgar sua base fiel de apoiadores e podem influenciar eleitores independentes preocupados com a segurança pública.
Na entrevista, Kirsty Noem afirmou que os protestos do Black Lives Matter em 2020, em Minnesota, foram permitidos a se espalhar sem controle — e que a nova administração Trump lidaria com a situação de forma diferente.
“Não vamos deixar que uma repetição de 2020 aconteça,” disse ela.
Por outro lado, os democratas criticaram o uso de agentes de imigração mascarados e com equipamento militar para prender civis em restaurantes e lojas, afirmando que o presidente agiu de forma inflamável e que sua pressa em mobilizar soldados treinados foi desnecessária.
“O presidente agir assim, quando isso não foi solicitado, quebrando gerações de tradição, só vai incitar a situação e piorar as coisas,” disse o senador de Nova Jersey, Cory Booker.
“Muitos desses protestos pacíficos acontecem porque o presidente dos Estados Unidos está semeando o caos e a confusão ao prender pessoas que estão comparecendo às suas audiências de imigração, que estão tentando seguir a lei.”
Os Estados Unidos têm uma longa tradição de protestos no verão, e ainda estamos no começo de junho.
Cinco meses após o início do segundo mandato de Trump, essas manifestações na Califórnia podem ser um evento isolado — ou o começo de um aumento na agitação civil nos próximos dias.