Meu convidado é o gestor cultural carioca e CEO da A-PONTE, Fabio Szwarcwald.

1- Como fazer do Rio uma cidade cultural?
O Rio de Janeiro já possui um DNA cultural muito forte, enraizado em sua rica história nas artes visuais, na música, no teatro e no cinema. Acredito que precisamos explorar ainda mais as diversas atividades culturais que a cidade oferece. Através do projeto ‘Maravilha’, estamos criando oportunidades para que as pessoas possam vivenciar a arte contemporânea em um espaço turístico significativo. Além disso, iniciativas como a criação de um grande Museu do Carnaval e a reabertura do Museu da Imagem e do Som (MIS), que tem um papel fundamental na nossa história cultural, são essenciais. O Rio possui um acervo impressionante que ainda não foi totalmente explorado, e isso é uma oportunidade incrível para enriquecer nossa oferta cultural.
2- Que atividades tem desenvolvido em sua carreira profissional para mostrar uma nova faceta do Rio?
Após 22 anos no mercado financeiro, decidi mudar de rumo e seguir minha paixão pela cultura. Essa transição me permitiu desenvolver projetos que realmente têm propósito em minha vida, utilizando a arte como ferramenta de educação. Fui presidente da Escola de Artes Visuais do Parque Lage por três anos, onde implementei um trabalho de transformação, focando na autossustentabilidade da instituição. Gerenciei também o Museu de Arte Moderna (MAM), onde trouxe uma nova governança e estratégias de captação, além de reposicionar o museu na cidade do Rio. Todas essas experiências têm sido fundamentais para destacar a faceta cultural do Rio de Janeiro, que é rica e diversificada, e que merece ser cada vez mais valorizada e vista. Além disso, fundei a Aponte, uma plataforma que combina arte, educação e tecnologia, visando promover projetos e iniciativas que conectem artistas a novas audiências e produtos.
3- Que características são necessárias para um gestor moderno?
Acredito que um gestor moderno deve ser adaptável e ter uma visão estratégica clara, reconhecendo que o sucesso não pode ser alcançado sozinho. Formar uma equipe profissional é essencial para isso. Hoje em dia, a habilidade de utilizar redes sociais e trabalhar eficazmente a comunicação e o marketing institucional é uma diferenciação importante, pois permite transmitir mensagens poderosas e atingir novos públicos. Além disso, promover a inclusão e implementar práticas inovadoras na gestão cultural são aspectos fundamentais, considerando que o setor cultural sempre busca novidades, ideias frescas e propostas criativas. Em suma, um gestor cultural deve ser essencialmente criativo, alinhando suas práticas de gestão à essência inovadora que a cultura exige.
4- O que significa para você ser Embaixador do Turismo do RJ?
Ser Embaixador do Turismo do Rio de Janeiro é uma honra e uma grande responsabilidade. Isso significa representar e promover a riqueza cultural e natural do nosso estado, mostrando o que temos de melhor para visitantes e moradores. É uma oportunidade de trabalhar para tornar nossa cidade um destino ainda mais atrativo e acolhedor, ao mesmo tempo em que buscamos valorizar nossas tradições e inovações culturais.

5- Quais os desafios do mercado de arte brasileiro?
O Brasil, e especialmente o Rio de Janeiro, possuem um potencial imenso no campo da arte, mas ainda enfrentamos desafios significativos. Falta um investimento mais consistente em políticas culturais que incentivem a produção artística, promovam a formação de novos artistas e garantam o acesso à cultura para todos, independentemente de classe social. Além disso, a valorização da arte contemporânea ainda é um desafio. Precisamos de um maior apoio à arte urbana, exposições em espaços públicos e projetos que busquem engajar a comunidade. A infraestrutura adequada para exposições é crucial para permitir que artistas mostrem seu trabalho de forma digna. Por último, uma maior educação artística nas escolas é vital para formar futuros públicos e artistas.
6- O que é uma exposição de arte para você?
Uma exposição de arte é um espaço de comunicação e reflexão. É um momento em que artistas têm a oportunidade de expressar suas visões e ideias, e o público, por sua vez, é convidado a interagir com essas obras. As exposições são uma forma de conectar a sociedade com questões relevantes e urgentes, criando uma troca rica de experiências e perspectivas. Elas são também uma plataforma para promover a diversidade, a inclusão e a criatividade, aspectos essenciais para o desenvolvimento cultural.
7- Fale-nos um pouco de seu novo produto no Pão de Açúcar.
O projeto ‘Maravilha’ no Pão de Açúcar tem como objetivo proporcionar oportunidades para mais de um milhão e seiscentos mil visitantes que frequentam a área, permitindo que eles conheçam mais sobre nossa cultura e arte de uma forma única. O que torna essa experiência especial é que os visitantes não estão necessariamente indo ao Pão de Açúcar com esse intuito, e as obras de arte surgem diante deles em um contexto inusitado, dentro de uma floresta. No projeto ‘Maravilha’, consideramos o ambiente e criamos uma experiência que também educa sobre a fauna e a flora local. Utilizamos tecnologia, como inteligência artificial e realidade aumentada, para envolver os visitantes de maneira inovadora e especial. Essa interatividade permite que o público participe ativamente da experiência no Bosque das Artes, tornando cada visita memorável e enriquecedora.”
8- O que falta para a arte em nosso país e no Rio?
Acredito que o Brasil, e especialmente o Rio de Janeiro, possuem um potencial imenso no campo da arte, mas ainda enfrentamos alguns desafios significativos. Primeiramente, falta um investimento mais consistente em políticas culturais que incentivem a produção artística, promovam a formação de novos artistas e garantam o acesso à cultura para todos, independentemente de classe social. Além disso, a valorização da arte contemporânea ainda é um desafio. Muitas vezes, há um preconceito com formas mais modernas de expressão artística, o que limita a diversidade de vozes no cenário cultural. Precisamos de um maior apoio à arte urbana, às exposições em espaços públicos e aos projetos que busquem engajar a comunidade. Outra questão importante é a necessidade de uma infraestrutura mais robusta, com espaços de exposições adequados e bem equipados, que permitam que artistas mostrem seu trabalho de forma digna. Também é fundamental fomentar mais diálogos e colaborações entre artistas, instituições e a sociedade civil, criando um ambiente onde a arte possa florescer e ter um impacto real nas vidas das pessoas.

