O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca nesta segunda-feira (16) para a sua nona participação em Cúpulas do G7, grupo que reúne as sete maiores economias industrializadas do mundo. Apesar do prestígio do convite, o histórico é marcado por críticas recorrentes ao modelo de governança global e pela pouca eficácia de suas propostas. No Canadá, Lula participará da 51ª Cúpula do G7.
Desde 2003, Lula utiliza o espaço para vocalizar insatisfações e cobrar mudanças no funcionamento das instituições internacionais, mas sem alcançar resultados objetivos. Em todas as suas oito participações anteriores, não conseguiu incluir suas sugestões nos documentos finais do grupo, tampouco firmou acordos bilaterais relevantes. Um levantamento feito pelo Poder360 mostrou o tom dos discursos do petista e os acontecimentos relacionados.
Histórico de discursos repetitivos e promessas não cumpridas
Na estreia, em 2003, na França, Lula pediu a criação de um fundo mundial contra a fome, proposta ignorada pelos líderes do G7. Dois anos depois, no Reino Unido, voltou a cobrar recursos para a África. Na oportunidade, o grupo chegou a prometer US$ 50 bilhões, mas o valor nunca foi integralmente entregue.
Em 2008 e 2009, no fim de sua primeira passagem pelo Planalto, Lula tentou pressionar por uma ampliação do grupo, sem sucesso concreto. Conseguiu algum sucesso, porém ao defender a eliminação dos subsídios agrícolas. Embora tenha se declarado otimista após conversa com Barack Obama sobre clima em 2009, avanços reais só aconteceriam anos depois, na COP21 de Paris.
Retorno ao governo, mesma retórica e isolamento diplomático
Após ser reeleito em 2022, Lula foi convidado para a cúpula de 2023 no Japão, onde manteve o tom de cobrança e críticas à ordem global, acusando os países ricos de formarem “blocos antagônicos” e cobrando ação climática. Nenhuma proposta sua prosperou. O presidente ainda tentou uma reunião com Volodymyr Zelensky, líder da Ucrânia, que acabou não se concretizando.
No ano seguinte, na Itália, insistiu para que a Rússia fosse incluída nos diálogos sobre a guerra na Ucrânia. O pleito também foi desconsiderado pelos líderes do G7, que reforçaram apoio a Kiev e registraram isso no documento oficial.
Lula também se posicionou contra o aumento dos gastos militares das nações mais ricas, enquanto a tendência internacional é de ampliação, com a Otan avaliando elevar o percentual mínimo de investimento em defesa para 5% do PIB.
Lula chega a Cúpula de 2025 com agenda esvaziada
Nesta 51ª edição da cúpula, a ser realizada em Kananaskis, Canadá, entre 15 e 17 de junho, o presidente brasileiro chega novamente com uma pauta marcada por críticas ao modelo vigente e propostas que, historicamente, não avançam. Apesar disso, o governo insiste em apresentar a participação como um reconhecimento internacional da importância do Brasil.
A única reunião bilateral confirmada é com o premiê canadense Mark Carney (Partido Liberal, de centro-esquerda), enquanto outras conversas ficarão para o encerramento. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu novo encontro com Lula mas o compromisso ainda não foi marcado.
Lula deve retornar ao Brasil na noite de terça-feira (17), após a foto oficial e o debate geral.