Crédito, Reuters
- Author, BBC News Persa
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“Sem saída”. Essas são as palavras que a maioria das pessoas que falaram com a BBC usam para descrever a vida no Irã atualmente.
No domingo (15/6), longas filas se formaram em postos de gasolina por toda a cidade. Muitas pessoas tentam ir para áreas remotas, longe de qualquer possível alvo israelense, mas não conseguem nem sair da província devido ao trânsito intenso.
“Teerã não é segura, claramente”, diz um morador. “Não recebemos alarmes ou avisos de autoridades sobre ataques israelenses. Apenas ouvimos as explosões e esperamos que nossa casa não seja atingida. Mas para onde podemos ir? Nenhum lugar parece seguro.”
Uma pessoa que conseguiu se mudar de Teerã para outra província diz: “Acho que ainda não processei completamente que estou vivendo em uma zona de guerra ativa e não tenho certeza de quando passarei a aceitar isso.”
“Esta guerra não é minha. Não estou torcendo por nenhum dos lados, só quero sobreviver com minha família.”
Os ataques israelenses levaram à retaliação do Irã, que lançou ataques com mísseis contra Israel.
Pelo menos 10 pessoas foram mortas em Israel, disseram as autoridades.
A imprensa iraniana, citando o Ministério da Saúde, informa que 224 pessoas foram mortas em ataques israelenses desde a sexta-feira.
Uma iraniana diz à BBC que não consegue dormir há duas noites: “Passei por situações realmente difíceis.”
“A diferença é que, naquela época, pelo menos quando acontecia um ataque, ouvíamos a sirene de ataque aéreo ou pelo menos os avisos antes de acontecer. Mas agora, durante este bombardeio ou qualquer ataque aéreo, não há sirenes nem avisos.”
Os mais jovens, nascidos depois da guerra, não sabem como era, diz Ghoncheh Habibiazad, da BBC News Persa.
Uma mulher em Teerã diz que considerou deixar a cidade para escapar dos ataques.
“Todos nós queríamos ir para cidades ou vilas menores, qualquer lugar que pudéssemos ir, mas cada um de nós tem entes queridos que não podem sair, e estamos pensando neles”, diz ela.
“O que estamos vivenciando não é justo para nenhum de nós, o povo do Irã”, afirma.
“Estamos todos tentando passar por esses dias cheios de medo, exaustão e muito estresse; isso é extremamente difícil e doloroso.”
Um morador da capital diz: “Não posso simplesmente deixar Teerã. Não posso deixar meus pais idosos, que não podem viajar muito, e sair da cidade sozinho. Além disso, preciso ir trabalhar. O que posso fazer agora?”
Crédito, EPA-EFE
A internet tem estado instável, então é muito difícil manter contato com pessoas dentro do país.
Muitos que vivem fora do país estão enviando mensagens para seus entes queridos, na esperança de obter uma resposta.
Algumas pessoas também receberam avisos do exército israelense pedindo a todos os iranianos que deixem áreas próximas a instalações militares. As pessoas em Teerã parecem estar muito preocupadas com isso.
“Como vamos saber onde fica uma instalação militar e onde não fica?”, diz um deles.
Separadamente, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em uma mensagem aos iranianos no segundo dia dos ataques, disse que “chegou a hora” de os iranianos se unirem “defendendo sua liberdade”.
No entanto, a população do país optou por permanecer em segurança até o momento e há poucas evidências de que o apelo de Netanyahu tenha repercutido na prática, diz Daryoush Karimi, da BBC News Persa.
Crédito, Getty Images
No Irã, o que talvez tenha chocado mais as pessoas foi a destruição de prédios residenciais, ainda mais do que os ataques a instalações nucleares e bases aéreas, relata Pouyan Kalani, da BBC News Persa.
Muitos iranianos não presenciavam cenas como essa desde o fim da guerra Irã-Iraque – especialmente nas ruas da capital.
Muitos em Teerã e em outros lugares se lembram da confusão de sexta-feira: o que exatamente estava acontecendo; quão disseminado era; e como poderiam proteger a si mesmos e suas famílias?
Editado por Alexandra Fouché