Qual a força de Ratinho Junior contra Sergio Moro no Paraná


O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), terá papel preponderante na articulação para sua sucessão ao Palácio Iguaçu, em 2026. Sem poder se candidatar novamente — está no segundo mandato —, caberá a Ratinho Junior o papel de articular, lançar e apoiar um candidato dentro de seu grupo político para vencer o senador Sergio Moro (União Brasil), nome que as sondagens eleitorais vêm colocando como favorito do eleitor para o ano que vem. Ou então Ratinho Junior terá de convencer quem está de olho na candidatura a governador do Paraná a formar uma chapa com o próprio Moro.

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Por enquanto, Ratinho Junior não indicou abertamente quem deverá ser o seu candidato, apesar de o secretário estadual das Cidades, Guto Silva (PSD), e o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Alexandre Curi (PSD), despontarem na frente, deixando à margem o ex-prefeito de Curitiba e também secretário de Ratinho (Desenvolvimento Sustentável), Rafael Greca (PSD), e o vice-governador Darci Piana (PSD).

Mas hoje não importa o nome: não são páreos no primeiro turno contra Moro. Um levantamento do Paraná Pesquisas publicado em julho coloca o senador do União Brasil na liderança nos três cenários estimulados, bem à frente dos potenciais candidatos do partido do governador. Guto Silva e Alexandre Curi, por exemplo, ficam atrás não só de Moro, como também de Beto Richa (PSDB) e Requião Filho (PDT) — a distância é de 38,6 e 31,5 pontos percentuais, respectivamente. Somente Greca conseguiria ir para o segundo turno: 38,2% contra 19,5%.

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Apoio de Ratinho Junior é peça-chave, aponta pesquisa

A pesquisa eleitoral, porém, demonstra que, em um segundo turno, as coisas começam a mudar, especialmente quando o nome de Ratinho Junior é colocado na mesa como apoiador. Diretamente contra Guto Silva, Moro teria 62,7% contra 16,9%. Mas quando o nome de Guto Silva é apresentado com o apoio de Ratinho Junior, a diferença cai: 48,8% a 35,2%.

No caso de Alexandre Curi, o movimento é parecido. Por si só, o deputado tem 25,3% contra 58% de Moro. Apoiado pelo governador, ele vai a 37,8%, contra 48,7% do senador.

A avaliação de especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo é de que Sergio Moro leva vantagem por não ter ainda um adversário definido e até mesmo tão conhecido quanto ele — além de senador, foi o principal nome da operação Lava Jato como juiz federal e ainda foi ministro da Justiça e Segurança Pública do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A tendência, porém, é que no momento em que houver uma definição sobre o nome e Ratinho Junior entrar na campanha, a eleição de fato começará. “O senador Sergio Moro larga na frente devido ao grande conhecimento que o eleitor tem dele. Quando o governador vier com força, o jogo tende a equilibrar”, opina o professor de Direito Eleitoral e Constitucional da UniBrasil Sérgio Pádua.

“Ainda não está definido quem será o candidato, não existe a consolidação de um nome. Para o ano que vem, as coisas vão se alterar de forma significativa”, projeta o cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Mário Sérgio Lepre.

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Ratinho Junior colocará à prova força no interior contra Moro

O governador Ratinho Junior caminha para o fim do segundo mandato com um alto índice de aprovação. De acordo com o Paraná Pesquisas, 81,4% dos entrevistados aprovam o governo dele. Uma porcentagem que usará não somente em seus planos pessoais — ele pode ser candidato a presidente ou a senador em 2026 —, mas também na transferência da popularidade para seu candidato a sucessor.

Além disso, ele deverá apostar na força que tem no interior do estado e lançar mão dos aliados que carrega nas prefeituras locais. A análise é de que o apoio na eleição de 2024 será determinante para 2026.

“A força da máquina é muito grande. Ele fez muitos prefeitos no estado. E nas cidades pequenas fez ‘barba, cabelo e bigode’. É uma estrutura de poder grande”, diz Lepre. “Eleição estadual tem vinculação direta à estrutura local de poder. Como governador bem avaliado como é, com prefeitos vinculados a ele, é um capital político muito grande”, reforça o professor da PUCPR.

E é no interior onde está a principal base dos preferidos de Ratinho Junior. Guto Silva já foi vereador em Pato Branco e tem muito trânsito no oeste do estado. Por sua vez, Alexandre Curi ainda carrega a lembrança de seu avô, o deputado Aníbal Khury, que era conhecido e apoiado em todo o estado — ele foi um dos responsáveis pela criação de pelo menos 80 municípios paranaenses.

Em 2022, por exemplo, Curi foi eleito deputado estadual com 237.033 votos, sendo que apenas 5% vieram de Curitiba. Por sua vez, naquele ano, Sergio Moro foi eleito senador com 1.953.188 votos, com 21% deles vindos da capital paranaense.

“Esse grupo político do governador tem uma capilaridade muito grande e em cidades do interior, onde o apoio dele tende a ser forte, no sentido político — isso pode acabar pesando para o resultado final da eleição”, comenta Pádua, professor da UniBrasil.

Ratinho Junior ainda tem outra possibilidade que envolve o vice-prefeito de Curitiba, Paulo Martins. Segundo mais votado para o Senado no Paraná em 2022 — perdeu a vaga para Moro —, ele foi figura-chave na composição com o PL que o governador articulou para a vitória do atual prefeito Eduardo Pimentel (PSD). Martins, porém, deixou o PL e foi para o Novo com pretensões de concorrer ao governo do estado, tornando-se uma opção para encabeçar uma chapa com o grupo político de Ratinho Junior.

  • Metodologia da pesquisa citada: 1.540 entrevistados pelo Paraná Pesquisas, em 62 municípios do Paraná, entre os dias 3 e 6 de junho de 2025. Nível de confiança: 95%. Margem de erro: 2,5 pontos percentuais.



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