brasileiros eram proibidos de trabalhar na Matte Laranjeira


Quem venceu a guerra foi o Brasil, mas os brasileiros eram odiados na fronteira com o Paraguai. O clima de beligerância era emanado da empresa Matte Laranjeira. Era tão grande que equivalia um Estado atual. Por lá, argentinos comandavam e guaranis trabalhavam. Jamais admitiram que um só brasileiro nela trabalhasse.

O ódio contra brasileiros na fronteira no século passado

O analfabeto argentino que odiava brasileiros.

Colocou, a Matte Laranjeira, como seu chefão – “mayordomo”- o argentino Rafael Obriego, o Rafa, solteirão, valentão, prepotente e ninguém atinou como um brutamontes como esse pudesse comandar uma empresa tão grande. Também não conseguiam imaginar como esse argentino mau dos bofes odiava tanto os brasileiros. Com insistência mórbida, jamais perdia uma oportunidade de desmoralizar nosso povo. Mas Rafa estava marcado para levar um tiro. Nem a troco da comida, dizia ele, queria que a empresa tivesse um peão brasileiro. Sua fama de inimigo do Brasil correu atravessou a fronteira e chegou aos homens poderosos. Reclamaram à direção da Matte, em Buenos Aires, que resolveu demitir o paranoico.

O ódio contra brasileiros na fronteira no século passado

O mundo dá voltas.

A destituição do posto, bruscamente, trouxe-lhe a desconfiança e o descrédito pelos lugares onde passava. Ninguém dava emprego ao prepotente analfabeto. O destino, então, pregou-lhe uma peça. Só encontrou emprego em Angélica, que ainda era chamada “Porto Angélica”, outra região de origem ervateira.

O ódio contra brasileiros na fronteira no século passado

Dois viajantes desapareceram.

Chamado pela justiça de Ponta Porã para ser testemunha em um processo, um dos brasileiros, goiano de nascença, nunca mais retornou à Angélica. No mesmo dia, o capataz da fazenda resolveu enviar o Rafa até Dourados para levar alguns indígenas, que entendiam de ervais, com os quais já tinha feito adiantamento de salário. Os dois nunca mais retornaram. O goiano matou o argentino e voltou para Pirenópolis, sua cidade de origem. O cadáver do argentino foi encontrado tempos depois preso a uma galhada, amarrado com cipós, debruçado sobre o rio Dourados. Era o fim de um importante inimigo do Brasil, mas a cultura da Matte continuou a mesma: “Brasileiro? Nem de graça”.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.



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