Câmara Recomenda Suspensão de Contratos com Empresas Investigadas


Presidente da Casa de Leis também diz que irá melhorar fiscalização interna, após aprovar contas do Executivo

Câmara recomenda suspensão de contratos com empresas investigadas por fraudes
Vereadores de Terenos durante coletiva de imprensa esta manhã (Foto: Henrique Kawaminami)

A Câmara Municipal de Terenos deve recomendar ao futuro prefeito interino, Arlindo Landolfi Filho (Republicanos), que cancele os contratos que ainda estejam vigentes com as empresas investigadas na Operação Spotless, que apura fraudes em licitações e desvio de verbas públicas.

A Câmara Municipal de Terenos deve recomendar ao futuro prefeito interino, Arlindo Landolfi Filho, o cancelamento dos contratos com empresas investigadas na Operação Spotless, que apura fraudes em licitações e desvio de verbas públicas. O atual prefeito, Henrique Wancura Budke, foi preso na terça-feira, suspeito de envolvimento no esquema. Segundo investigações, entre 2021 e 2024, o prefeito teria recebido R$ 646 mil em propinas. Três contratos de obras públicas foram direcionados a empresas do esquema, incluindo reformas nas escolas municipais Rosa Idalina Braga Barboza, Jamic e Isabel de Campos Widal Rodrigues, totalizando mais de R$ 4,7 milhões em investimentos.

O atual prefeito, Henrique Wancura Budke (PSDB), foi preso na terça-feira (9), suspeito de envolvimento no esquema investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção). Ao todo, foram cumpridos 16 mandados de prisão e 59 de busca e apreensão.

Em coletiva com a presença de todos os vereadores, o presidente da Câmara, Leandro Caramalac (PSD), afirmou que os vereadores vão apoiar o prefeito interino, mas também reforçar a função de fiscalização. “Vamos recomendar que todos os contratos vigentes com as empresas citadas na operação, não só dos presos, mas também dos alvos de mandados, sejam revogados, para que o vice possa tomar as decisões a partir de agora”, disse.

Caramalac declarou que, durante a fiscalização feita pela Câmara, não foram encontrados indícios de superfaturamento nos contratos investigados. Segundo ele, à época das contratações, o setor jurídico da prefeitura apresentou defesa que permitiu a aprovação. “O que cabe a nós agora é tentar criar um novo modelo para fiscalizar melhor”, afirmou.

Mesmo havendo contratos ainda em vigência, o vereador considera a suspensão a melhor saída. “A lei vai amparar o prefeito para fazer contratações emergenciais”, disse. Caso o gestor não siga a recomendação, Caramalac informou que pode ser aberto um processo de investigação interna pela Câmara.

Câmara recomenda suspensão de contratos com empresas investigadas por fraudes
Presidente da Câmara Municipal de Vereadores, Leandro Caramalac (Foto: Henrique Kawaminami)

Ele não soube precisar quais empresas investigadas ainda mantêm contratos ativos com a prefeitura. Sobre eventual processo de cassação de Budke, declarou que o Legislativo não tem competência nesse momento, já que a investigação segue sob responsabilidade judicial.

“Precisamos esperar a Justiça. Se você pega R$ 600 mil, o valor não se compara ao patrimônio que ele já tinha, pois um único imóvel dele vale mais que isso. Ele já possuía bens antes de ser prefeito”, justificou.

O vice-prefeito, Landolfi Filho, será empossado em cerimônia prevista para as 10h. Caramalac lembrou que ele não tem experiência política e, por isso, a Câmara Municipal irá dar apoio à nova administração. “Ninguém nasce político”, afirmou. “O Arlindo é médico, entrou na política como vice na reeleição do Henrique. Nunca exerceu cargo público. Cabe à sociedade, aos servidores de carreira e à Câmara dar suporte para que ele exerça o mandato da melhor forma”.

Sobre o aumento patrimonial do prefeito afastado, Caramalac respondeu: “Conheço o Henrique antes, conheço o lastro financeiro dele. A gente via a construção de imóveis, mas nada que chamasse tanta atenção. É preciso se inteirar dos fatos”.

Em apenas quatro anos, de 2020 a 2024, a evolução patrimonial de Budke saltou 318%. “Durante as eleições de 2020, Henrique declarou ao Tribunal Superior Eleitoral patrimônio de R$ 776.210,57, enquanto na eleição de 2024 o valor passou para R$ 2.468.418,61, evolução patrimonial esta de 318%”, reforça a decisão.

Fraudes – Conforme a decisão que embasou a prisão, expedida pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), pelo menos três contratos de obras públicas foram direcionados a empresas do esquema. Entre 2021 e 2024, o prefeito teria recebido R$ 646 mil em propinas.

Em um dos casos, foram pagos R$ 60 mil para que a Angico Construtora e Prestadora de Serviços Ltda., de Sandro José Bortoloto, fosse contratada para a reforma da Escola Municipal Rosa Idalina Braga Barboza, em 2021, num contrato de R$ 1,12 milhão. A mesma empresa venceu outra licitação, no valor de R$ 2,78 milhões, para a construção de um bloco da Escola Jamic, cujo custo final chegou a R$ 3,36 milhões após aditamentos.

Outro contrato direcionado foi o da reforma da Escola Isabel de Campos Widal Rodrigues, em 2022, no valor de R$ 315,8 mil, entregue à Base Construtora e Logística, de Genilton da Silva Moreira, que teria pago R$ 11 mil em propina.

A lista de empresas investigadas inclui: Bonanza Comércio e Serviços Ltda.; Conect Construções Ltda.; Tercam Construções Ltda.; Base Construtora e Logística Ltda.; HG Empreiteira & Negócios Ltda.; Lopes Construtora e Empreiteira Ltda.; RM Construtora e Serviços Ltda.; SAB Construtora Ltda.; Gamarra Construtora Ltda.; VSP Engenharia e Construções Ltda.; VS Construções e Serviços Ltda.; AMG Empreiteira Ltda.; CBS Construtora Ltda.; DSF Engenharia Ltda.; ESN Construtora Ltda.; FCO Construções Ltda.; HSR Construções Ltda.; JPL Engenharia Ltda.; LSM Construtora Ltda.; MAC Construtora Ltda.; PLA Engenharia Ltda.; RAF Construções Ltda.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.





Source link

Leave a Reply

Translate »
Share via
Copy link