O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT-SP) declarou nesta terça-feira (16) não se importar com a possibilidade de não receber visto dos Estados Unidos. Em tom de deboche, respondeu aos jornalistas citando trecho da música “Tô nem aí”.
“Tô nem aí. Eu acho que só fica preocupado quem quer ir pros Estados Unidos. Eu não quero ir para os Estados Unidos”, afirmou. As declarações aconteceram logo após o anúncio de um plano do governo para integrar o cadastro SUS ao CPF, para otimizar o atendimento aos cidadãos.
Padilha foi convidado para participar de reuniões de ministros da saúde de diferentes países, que ocorreriam durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York e também em um evento da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em Washington, ambos previstos para este mês.
Apesar dos convites internacionais, o ministro declarou que sua presença ainda era incerta e justificou a indecisão pela necessidade de acompanhar votações importantes no Congresso Nacional.
A principal preocupação do ministro é garantir a aprovação, até 26 de setembro, da Medida Provisória que institui o programa “Agora tem Especialistas”. Este projeto, considerado estratégico pelo governo Lula, pretende ampliar o acesso da população brasileira aos serviços de saúde especializada.
EUA haviam cancelado vistos de esposa e filha de Padilha em agosto
O episódio ocorre após os Estados Unidos cancelarem os vistos da esposa e da filha de dez anos de Alexandre Padilha. O visto do próprio ministro já havia expirado em 2024 e por isso não foi alvo de sanções.
Padilha ocupava o cargo de ministro da Saúde em 2013, ano de criação do programa Mais Médicos. Recentemente, o Departamento de Estado dos EUA revogou vistos de ex-funcionários e assessores ligados ao programa — entre eles Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, que hoje é coordenador-geral para a COP 30.
EUA criticaram programa Mais Médicos
Os Estados Unidos criticaram o programa Mais Médicos ao classificá-lo como “um golpe diplomático que explorou médicos cubanos, enriqueceu o regime cubano corrupto e foi acobertado por autoridades brasileiras e ex-funcionários da Opas”.
Durante a entrevista, Padilha também fez críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), mencionando sua mudança para os Estados Unidos e sugerindo que o parlamentar atua de forma contrária às autoridades brasileiras.
“Só fica preocupado com visto quem quer sair do Brasil, ou quem quer ir pra lá pra fazer lobby de traição da pátria, como alguns tão fazendo. Não é o meu interesse, tá certo? Então eu tô nem aí com relação a isso”, afirmou o ministro.