A leveza de protetores solares “made in Asia” conquista os consumidores


Um vídeo no YouTube sobre protetores solares registrou nada menos que dois milhões de visualizações! Esse sucesso inesperado foi alcançado pela influenciadora Hannah Price, que apresentou uma comparação entre os cremes solares australianos e japoneses. O entusiasmo gerado pelo vídeo da youtuber – uma australiana de 32 anos que vive em Tóquio – reflete o crescente interesse que vêm despertando os produtos de cuidado da pele (entre os quais protetores solares) fabricados no Japão e na Coreia do Sul.

“Me apaixonei pelos cremes solares japoneses desde que cheguei ao país, em 2012”, revela Hannah Price à agência de notícias AFP. O que mais a seduziu foi a extraordinária leveza dos produtos, “incomparavelmente mais agradável que qualquer produto que conheci na Austrália”, onde os protetores solares são “espessos, grudentos e gordurosos”, afirma ela.

Para realizar o vídeo, a jovem passou vários meses pesquisando sobre os aspectos técnicos e culturais relacionados com a exposição ao sol. “Eu achava que o vídeo poderia interessar muita gente, mas não esperava que fosse viralizar desse jeito!”, exclama Hannah Price.

Projetos de expansão

O interesse dos consumidores ocidentais pelos produtos japoneses e coreanos não escapou ao radar dos fabricantes do continente asiático.

Empresas como a coreana LG Household & Health Care aprimoraram suas fórmulas e lançaram uma nova categoria de produto que recebeu o nome de sunquid. Essas fórmulas de proteção solar foram desenvolvidas para proporcionar uma sensação de grande leveza, semelhante à da água ao tocar a pele.

Os posts e vídeos publicados por influenciadores têm um impacto “muito forte” nas vendas de protetores solares, comemora Takuya Wada, especialista em marketing do grupo japonês de cosméticos Kao.

“O acesso à informação nas redes sociais não tem fronteiras”, oferecendo às marcas a possibilidade de ter alcance mundial, explica ela.

A Kao prevê a inauguração de três novas fábricas fora do Japão (Indonésia, Brasil e Alemanha) e, até 2027, pretende alcançar 35 bilhões de ienes (223 milhões de euros) de faturamento com protetores solares, ou seja, um lucro 1,6 maior do que em 2023.

Pertencente ao grupo Kao, a marca Biore UV ocupa o décimo lugar no ranking mundial de vendas e o segundo na Ásia. Vale ressaltar que o mercado mundial de protetores solares, estimado em 65 bilhões de euros em 2024, ainda é extremamente fragmentado em razão de variações nas regulamentações nacionais. Além disso, é caracterizado pela presença dominante de fortes concorrentes como L’Oréal, Beiersdorf e Shiseido.

Desafios técnicos

Na prática, é tecnicamente complexo conciliar, num mesmo produto, proteção eficaz e conforto na aplicação, dois critérios importantes para os consumidores japoneses, admite Takashi Fukui, que atua para a Kao como diretor de P&D do setor de cuidados da pele. Segundo ele, é justamente essa exigência que diferencia as marcas japonesas de seus concorrentes ocidentais.

“O Japão geralmente está à frente dos outros países, com novas tecnologias e texturas inovadoras”, confirma a influenciadora tailandesa Suari Tasanakulpan, 40 anos, em entrevista à AFP. Grande admiradora de produtos japoneses, que ela testa em vídeos publicados no YouTube, Suari afirma que os protetores solares das marcas japonesas são bem mais “leves”, em comparação com as texturas “pesadas e inconfortáveis” dos produtos europeus ou americanos.

Uso crescente

O uso de produtos de proteção contra radiação UV vem aumentando no mundo todo.

Embora o bronzeamento esteja na moda há muitos anos nos países ocidentais, ultimamente observamos uma maior conscientização sobre os riscos de câncer da pele. Isso faz com que os protetores solares sejam considerados como um produto importante para a saúde em regiões como Europa, América do Norte e Austrália.

O desenvolvimento de marcas de celebridades também contribuiu para a expansão do mercado. Um bom exemplo é Kylie Jenner que, como muitas outras personalidades, conquistou espaço nas redes sociais compartilhando rotinas de proteção solar com seus milhões de seguidores.

“As vendas vêm aumentando a cada ano, pois cada vez mais pessoas estão usando protetor solar no dia a dia, e as necessidades desses consumidores dependem de uma série de variáveis”, explica Takeshi Otsuki, diretor-adjunto da divisão de cosméticos de uma grande rede de drogarias no Japão.

Hannah Price afirma que prefere alternar o uso de protetores solares japoneses com protetores australianos, dependendo da situação. Para ela, a grande quantidade de informações disponíveis sobre o assunto é algo positivo para todo mundo. “Isso significa que, globalmente, estaremos mais protegidos, e isso é uma excelente notícia!”, conclui.



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