Bolsonaro diz ter enviado R$ 2 milhões a Eduardo



O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (5) que o inquérito contra seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), é uma “perseguição continuada”. Em depoimento à Polícia Federal, o ex-mandatário disse ter enviado R$ 2 milhões para bancar a permanência de Eduardo nos Estados Unidos. O interrogatório começou por volta das 15h e durou cerca de duas horas.

“Lá atrás, eu não fiz campanha, mas foi depositado na minha conta R$ 17 milhões. Eu botei R$ 2 milhões na conta dele. Lá fora tudo é mais caro, eu tenho dois netos e ele tá lá fora, eu não quero que ele passe por dificuldades”, afirmou o ex-presidente a jornalistas após a oitiva. Ele fez referência às doações que recebeu de apoiadores via Pix.

“É muito? É bastante dinheiro, nos Estados Unidos pode não ser tanto, são US$ 350 mil, mas eu quero o bem estar dele. Graças a Deus eu tive como depositar esse dinheiro na conta dele”, acrescentou. Eduardo é investigado por articular sanções a autoridades brasileiras com o governo de Donald Trump, principalmente contra o ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro defendeu a conduta de Eduardo no exterior.

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“O trabalho que ele faz lá é pela democracia. Não existe a possibilidade de sanção de qualquer autoridade pelo governo americano por lobby. É tudo feito com base em fatos. Não adianta alguém querer jogar para cima dele se, porventura, vier a ser sancionado no Brasil”, disse.

O advogado Paulo Cunha Bueno, que representa Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente tinha o direito de ficar em silêncio, mas respondeu aos questionamentos dos investigadores. Ele destacou que o inquérito foi aberto de forma “equivocada”, configurando uma situação em que “se politiza a justiça e se judicializa a política”.

Cunha Bueno ressaltou que Eduardo mantém suas atividades nos Estados Unidos de forma independente e que Bolsonaro não é informado sobre todas as reuniões do filho. “Eu tenho orgulho do que meu filho faz”, disse o ex-presidente. Segundo o advogado, Bolsonaro também foi intimado a depor sobre um inquérito sigiloso de 2023, mas não se manifestou, pois a defesa não teve acesso aos autos.

“O presidente recebeu uma intimação para que ele fosse ouvido num outro inquérito de 2023, que estava em segredo de justiça e os autos eram físicos no STF. Nós requeremos vistas desses autos para efetivamente podermos fazer o depoimento. Ocorre que o ministro Moraes ainda não despachou o pedido de vistas, de sorte que nós peticionamos dizendo que enquanto não tivermos vistas não iremos depor, porque não sei do que se trata”, disse Cunha Bueno.

No último dia 25, a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou a abertura da investigação contra Eduardo pela suposta prática dos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação sobre organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apontou que o objetivo do deputado é interferir nos processos relacionados a Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes acatou o pedido e determinou a oitiva do ex-presidente por bancar a permanência do filho nos Estados Unidos e ser “diretamente beneficiado” pela articulação de restrições a autoridades brasileiras.

“Não tenho nada a ver com a Carla Zambelli”, diz Bolsonaro

O ex-presidente afirmou que “não tem nada a ver” com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que deixou o país após ser condenada a 10 anos de prisão pela invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023.

“Eu vi pela imprensa, que estou no inquérito também [sobre Zambelli]. Mas esse assunto não foi tratado. Não tenho nada a ver com a Carla Zambelli, não botei dinheiro no Pix dela, tá certo? Realmente acompanhei pela imprensa o caso dela”, enfatizou.

O ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva e outras medidas cautelares contra Zambelli. Além disso, abriu uma nova investigação para apurar a suposta prática dos crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa.

Como Eduardo Bolsonaro, Zambelli disse que foi para o exterior com o objetivo de denunciar o que chama de desmandos do Judiciário brasileiro. Ela classificou a ordem de prisão como um “abuso”, “perseguição” e “escalada autoritária” e destacou que denunciará Moraes “em todos os fóruns internacionais possíveis”.



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