Crédito, Jim Lo Scalzo/EPA
O subsecretário da Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, afirmou nesta sexta-feira (12/11) que a decisão pela condenação de Jair Bolsonaro “representa um novo marco fatídico no complexo de censura e perseguição do juiz Moraes, violador de direitos humanos, que tem como alvo Bolsonaro e seus apoiadores”.
Em sua conta oficial no X, Beattie escreveu que o governo americano está levando “este acontecimento sombrio com a máxima seriedade”.
Da mesma forma, o vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, afirmou, também no X, que seu país “condena o uso da lei como arma política”.
“Como advogado, diplomata e amigo do Brasil, me dói ver o ministro Moraes desmantelar o Estado de direito no país e arrastar as relações entre nossas grandes nações para o ponto mais sombrio em dois séculos. Enquanto o Brasil deixar o destino dessa relação nas mãos do ministro Moraes, não vejo saída para esta crise.”
Em postagem também no X, Rubio repetiu o presidente americano, Donald Trump, classificando o processo contra Bolsonaro de “caça às bruxas”.
“As perseguições políticas pelo violador de direitos humanos e alvo de sanções Alexandre de Moraes continuam, enquanto ele e outros no Supremo Tribunal do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos darão resposta à altura a essa caça às bruxas”, afirmou Rubio.
O Itamaraty respondeu à publicação de Rubio dizendo que ameaças “não intimidarão” a democracia brasileira.
“O Poder Judiciário brasileiro julgou, com a independência que lhe assegura a Constituição de 1988, os primeiros acusados pela frustrada tentativa de golpe de Estado, que tiveram amplo direito de defesa. As instituições democráticas brasileiras deram sua resposta ao golpismo”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores no X.
“Continuaremos a defender a soberania do País de agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem”, continuou a pasta.
“Ameaças como a feita hoje pelo Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em manifestação que ataca autoridade brasileira e ignora os fatos e as contundentes provas dos autos, não intimidarão a nossa democracia”, concluiu o Itamaraty, em sua manifestação.
Pouco antes, Donald Trump havia comentado o resultado do julgamento no Brasil ao ser perguntado por um repórter quando embarcava no helicóptero presidencial no jardim da Casa Branca.
O líder americano afirmou conhecer bem Bolsonaro, disse que o resultado do julgamento é “surpreendente” e comparou o caso à situação pela qual ele próprio passou após os tumultos do 6 de Janeiro de 2021 em Washington, D.C.
“Como líder estrangeiro, acho que ele foi um bom presidente. É muito surpreendente que isso possa acontecer”, disse.
“É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de jeito nenhum”, seguiu.
Trump já havia criticado duramente o Brasil e o governo Lula por causa do suposto tratamento injusto dado a seu aliado Bolsonaro.
Em julho, ele determinou tarifas de 50% para produtos brasileiros exportados aos EUA, além sanções contra o Alexandre de Moraes, juiz relator do caso, e a revogação de vistos para a maioria dos membros do Supremo.
“Bem, não sei… estamos falando de coisas que nos deixam muito desapontados com o Brasil. Aplicamos tarifas muito altas por causa do que eles estão fazendo, algo muito lamentável”, afirmou Trump na semana passada.
“Temos uma ótima relação com o povo do Brasil, mas o governo mudou radicalmente. Foi para a esquerda de forma muito intensa, muito radical, e isso está prejudicando o país gravemente. As coisas lá estão indo muito mal. Muito, muito mal. Então, vamos ver”, disse, em uma entrevista coletiva.
Na mesma esteira, o governo dos Estados Unidos também aplicou a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, afirmando que ele é “tóxico para todas as empresas legítimas e indivíduos que buscam acesso aos Estados Unidos e seus mercados”.
Por isso, novas medidas eram esperadas após a conclusão do julgamento.