Em meio à tensão política gerada pelo aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), promoveu uma troca estratégica no comando da relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 — uma das mais importantes do Congresso Nacional.
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), inicialmente designado para a função, foi retirado do posto nesta quinta-feira (11), conforme revelado por fontes à CNN. A decisão teria sido motivada por pressões do Centrão, grupo influente na base parlamentar de apoio ao presidente da Câmara.
Segundo apurado, a retirada de Zarattini contrariou um acordo costurado ainda durante a campanha de Hugo Motta à presidência da Câmara, quando se comprometeu a entregar a relatoria da LDO a um deputado do Partido dos Trabalhadores (PT).
Como saída de conciliação, Motta indicou o deputado Gervásio Maia (PSB-PB) para a função. Maia é paraibano como o presidente da Câmara e mantém bom trânsito com o governo federal. O nome foi bem recebido pela maioria dos líderes da Casa, o que ajudou a aliviar a tensão entre os aliados do presidente Lula e o comando do Legislativo.
Para compensar a troca, Hugo Motta deve oferecer a Zarattini a relatoria da medida provisória que trata da recalibragem do IOF — o tema que, ironicamente, gerou a crise. A MP em questão tenta ajustar o aumento das alíquotas e propor alternativas de compensação fiscal.
A movimentação revela não apenas o poder de barganha do Centrão, mas também os desafios enfrentados pelo governo na articulação política, especialmente em um ano decisivo para a definição das diretrizes orçamentárias que moldarão o cenário fiscal de 2026.