O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que a deputada licenciada e foragida da Justiça Carla Zambelli (PL-SP) cometeu crime, mas considerou que ela é vítima de perseguição política. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele disse entender o desespero da parlamentar, que está com paradeiro desconhecido desde que deixou o Brasil.
” A gente tem que defender aqueles que nós achamos que são perseguidos injustamente. E eu acho que a Carla também está sendo vítima de uma perseguição política”, declarou o senador.
Carla Zambelli foi condenada a dez anos de prisão por participação na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o hacker Walter Delgatti Netto. Após o trânsito em julgado da ação, ela deixou o Brasil e desembarcou em Roma, na Itália, no dia 5 de junho, em voo vindo dos Estados Unidos. Zambelli usou passaporte italiano, já que possui dupla cidadania, e desde então está foragida.
Flávio admitiu que, por ter dado ordem para o hacker invadir o sistema do CNJ e inserir um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, Carla teria cometido um crime. “Mas não é para ser condenada a dez anos de cadeia”, ponderou na entrevista para a Folha.
Essa foi a primeira manifestação pública de Flávio sobre o caso. Desde o episódio em que Zambelli, armada, perseguiu um homem pelas ruas de São Paulo em 2022 muitos aliados se distanciaram da deputada. O fato é considerado por aliados de Bolsonaro como considerou prejudicial à sua campanha à reeleição. O próprio ex-presidente declarou não ter “nada a ver” com sua fuga.
O senador criticou a rapidez do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que o ritmo não corresponde a uma tramitação comum. O caso envolvendo Zambelli e o ataque hacker aconteceu em 2022 e a condenação ocorreu neste ano. Para ele, a condenação é reflexo de descrédito nas instituições e de um cenário de desespero. “Ela não merece essa pena”, disse Flávio Bolsonaro.
O senador Flávio também defendeu que Zambelli seja beneficiada pelo projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. A proposta, no entanto, atualmente está travada no Congresso.
Paradeiro de Zambelli é desconhecido, de acordo com a polícia italiana
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou na sexta-feira (13) que autoridades brasileiras já têm informações sobre o possível paradeiro da deputada na Itália e que sua extradição deve ocorrer “em breve”. Ele citou precedentes de cooperação entre os dois países, como o caso de Cesare Battisti, extraditado pelo Brasil em 2019, e destacou que a Constituição italiana não impede a extradição de cidadãos italianos quando há tratado bilateral.
Contudo, a declaração do ministro diverge da informação repassada pelo governo italiano. Na sexta-feira, a subsecretária do Interior da Itália, Wanda Ferro, disse ao Parlamento local que, até o momento, a polícia italiana não localizou Zambelli.