A região da Calábria, no sul da Itália, tem fama de contar com os melhores pomares de bergamota do mundo. A fruta, resultado do cruzamento natural entre o limão siciliano e a laranja amarga, é uma variedade totalmente diferente da que consumimos no Brasil, que pode ser chamada de mexerica ou tangerina, a depender da região do país.
Para explorar o potencial criativo e inovador da “bergamia cítrica” na perfumaria brasileira, a Givaudan, líder global em fragrâncias e beleza, realizou uma expedição à Calábria. “A bergamota é a rainha dos cítricos e muito importante em diversas estruturas olfativas, independentes do caminho cítrico, e essa região italiana possui um microclima especial que ajuda o terroir, produzindo uma bergamota de qualidade incomparável”, afirma Renata Abelin, diretora de marketing e inovação Latam, que participou da viagem junto com a perfumista Carol Belli.
Na Calábria, onde cerca de 1300 agricultores cultivam e bergamota entre outros cítricos, elas puderam vivenciar os diferentes processos de extração da bergamota e outros cítricos para a criação de fragrâncias. “Além de fortalecer os laços entre os profissionais da perfumaria, a experiência revelou novas possibilidades para o mercado nacional, abrindo espaço para interpretações mais sofisticadas e contemporâneas dos cítricos”, aponta Abelin.
O paradigma da baixa fixação dos cítricos
Para ela, a viagem à Calábria também foi importante para desconstruir antigos paradigmas que associavam os ingredientes cítricos a fragrâncias de baixa fixação. “As notas cítricas são muito voláteis na perfumaria e fazem parte da saída da fragrância, sendo também difundidas na categoria como as Eau de Cologne, portanto, com uma estrutura de perfumes sem alta duração.”
Mas a executiva garante que o panorama atual é outro. “Temos perfumes cítricos que trazem outras notas em combinações para elevar a performance e a qualidade do cítrico. Desta forma, o investimento na fragrância também colabora para termos cítricos que ‘duram’. No mercado internacional, especialmente o europeu, vemos maior apreciação por estruturas cítricas, digamos, mais lineares. Já no Brasil é importante que o cítrico venha acompanhado por notas que prolongam o frescor e trazem contraste. Assim, o consumidor enxerga o valor do produto, o famoso ‘value for money’.”
Aumento expressivo de perfumes cítricos
De acordo com Abelin, a bergamota e outros cítricos devem ganhar mais espaço na perfumaria. “Já estamos vendo um aumento expressivo de perfumes trazendo cítricos como ingrediente protagonista e voltamos da Calábria com inovações olfativas em cítricos inéditas para nossos clientes.”
Ela se refere ao lançamento da coleção Imaginarium, da francesa Liquides Imaginaires. Nove fragrâncias que propõem uma nova gramática olfativa para os cítricos foram desenvolvidas sob a direção criativa Philippe Di Méo, fundador da marca, em colaboração com jovens talentos da perfumaria Givaudan. A brasileira Carol Belli assina duas delas.
“Participar de experiências como a imersão na Calábria e estar presente na colheita e acompanhar de perto a extração de ingredientes, amplia as possibilidades criativas para nós, perfumistas. Fazer parte do desenvolvimento de Imaginarium foi um processo extremamente criativo, no qual tivemos carta branca para reinterpretar os cítricos”, afirma Belli.
De acordo com a Givaudan, criações cítricas para o mercado brasileiro serão apresentadas em breve.