Crédito, Getty Images
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- Author, Julia Braun*
- Role, Da BBC Brasil em Londres
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na quinta-feira (31/7) uma ordem executiva que modifica e amplia alguns pontos das chamadas “tarifas recíprocas” aplicadas a diversos países.
Uma das nações mais afetada pelas mudanças é o Canadá, que teve sua tarifa elevada de 25% para 35%.
“Em resposta à contínua inação e retaliação do Canadá, o presidente Trump considerou necessário aumentar a tarifa de 25% para 35% para lidar efetivamente com a emergência existente”, afirmou a Casa Branca.
Outros países também foram afetados pela nova rodada de tarifas, como Síria, Israel e África do Sul.
As tarifas aplicadas ao Brasil
À BBC, uma autoridade americana deu mais detalhes sobre como funcionarão as taxas às exportações brasileiras.
Na ordem executiva publicada na quinta, consta que a tarifa recíproca aplicada ao Brasil é de 10% — a mesma anunciada para o Reino Unido, que fechou um acordo bilateral com os Estados Unidos em maio.
O presidente americano afirma que a taxação diferenciada destinada ao Brasil é fruto do que classifica como uma “caça às bruxas” ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Judiciário nacional.
Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado em um processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Vários deles estão entre os principais produtos brasileiros exportados para os EUA, como suco de laranja, aeronaves e petróleo.
O prazo
A tarifa imposta ao Canadá já entrou em vigor. Para os mais de 70 países restantes, no entanto, as novas tarifas não devem começar a valer agora — mas sim em 7 de agosto, de acordo com o decreto de Trump.
As mercadorias embarcadas até 7 de agosto e aquelas que já estão em trânsito também não serão afetadas pelas tarifas se chegarem aos EUA antes de 5 de outubro.
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Trump já havia alertado que qualquer país que não tivesse fechado um acordo com os EUA até esta sexta-feira (1/8) estaria sujeito a tarifas mais altas sobre seus produtos.
No caso do Canadá, o presidente dos EUA disse que o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, havia feito contato antes do prazo final para negociações, mas que os dois não chegaram a conversar.
Trump afirmou em uma entrevista à NBC News que está aberto para continuar o diálogo com o vizinho do norte.
Segundo a Casa Branca, as tarifas mais altas do Canadá foram impostas porque o país “falhou em cooperar para conter o fluxo contínuo de fentanil” pela fronteira com os EUA — uma alegação que o Escritório Canadense de Comércio nega.
Como chegamos até aqui?
Trump defende a aplicação de tarifas há décadas, argumentando que elas incentivam os consumidores americanos a comprar mais produtos fabricados nos EUA.
Há três meses, em 2 de abril, ele anunciou uma tarifa “base” de 10% sobre quase todas as importações que entram em território americano.
Ele afirmou que produtos de cerca de 60 outros parceiros comerciais, que a Casa Branca descreveu como os “piores infratores” (incluindo a União Europeia e a China), enfrentariam taxas mais altas, como represália por políticas comerciais injustas.
Essas tarifas “recíprocas” foram posteriormente adiadas por 90 dias para dar tempo à negociação de acordos comerciais individuais, e o prazo foi então estendido até esta sexta (1/8).
Alguns países e blocos fecharam acordos, entre eles Japão, Reino Unido, União Europeia, Vietnã e Indonésia.
As negociações comerciais entre EUA e China ainda estão em andamento. Trump havia anunciado o aumento das tarifas sobre produtos chineses para mais de 100%, mas posteriormente reduziu as tarifas temporariamente.
O americano afirmou também que espera chegar a um acordo comercial com o México dentro desse prazo.
*Com colaboração de Tinshui Yeung e Ione Wells, da BBC News