São verdadeiro atavismos, reaparecem a cada geração com novas cores. As mais interessantes crendices do sul-mato-grossense começam com a ideia de que se saltássemos uma janela, ficaríamos com uma perna mais curta. Não podemos deixar o chinelo com a sola para cima. Quem desrespeitar esse mandamento caipira, perderá a mãe em pouco tempo. Se olhar com “más intenções “ a viúva recente, ficará caolho. Deitar com os pés voltados para a porta, fará com que a morte ronde a casa. E o mais pavoroso seria assoviar em frente da igreja, quem ousasse, seria levado por Satanás durante a noite.
Lá vem o lobisomem.
O lobisomem é figura presente em uma imensa quantidade de culturas. Vive na cabeça de todos os povos. No Mato Grosso do Sul de inícios do século passado, acreditavam que aqueles que sofriam de alguma doença estomacal, poderiam ser lobisomem. A explicação era dada pelo tipo de alimentação do monstrinho. Todas as sextas-feiras, saia a fera, na calada da noite, invadindo galinheiros e chiqueiros, para devorar, avidamente, os detritos podres e os excrementos, que representariam o seu alimento predileto. É claro que de “sobremesa”, o bichão levaria uma galinha ou um porquinho.
Só cachorro preto enfrenta lobisomem.
Diziam que nessas datas, o lobisomem, em fração de segundos, roncando e bufando, devorava toda criatura humana, desde que não fosse batizada. Ele soltava, por um orifício na testa, uma nuvem de fumaça que entontecia a futura vitima, tirando-lhe os sentidos e toda reação. Só havia uma maneira de não enfrentar o temido lobisomem: criando um cachorro preto, o único ser que enfrentava o malvado. Foi assim que todas as fazendas de nosso Estado passaram a contar com pelo menos um cãozinho preto.
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