Desde o início do terceiro mandato, o presidente Lula tem demonstrado uma “boca grande” na retórica agressiva contra os americanos: criticou o papel dos EUA nas guerras, no comércio, no sistema financeiro global e até na degradação do meio ambiente. Em diversas ocasiões, defendeu publicamente o fim da hegemonia do dólar, confrontou o poder de veto americano na ONU e ironizou o papel de Donald Trump como “imperador do mundo”.
Essa postura desafiadora foi-se acumulando e transbordou. Trump entendeu que é hora de Lula pagar pela língua solta. Não apenas por razões comerciais ou pela perseguição judicial às big techs americanas e a desafetos da Direita, como Jair Bolsonaro e brasileiros exilados.
Para Trump, o Brasil virou exemplo de como os EUA podem reagir a países que desafiam abertamente sua liderança global — a velha “lição dos imperadores”: punir severamente o rebelde para inibir outras rebeliões.
Desafio de Lula ao “imperador”: lições da História
Como apontou o economista Daniel Vargas, colunista do programa Última Análise, neste caso não se trata apenas da chamada mad man theory (teoria do louco), a estratégia do ex-presidente americano Richard Nixon, que transmitia propositalmente a imagem de irracional, volátil e imprevisível, numa tentativa de impor medo aos adversários e ganhar vantagem em quaisquer negociações. Isso pode se aplicar atualmente a vários parceiros comerciais dos EUA, que estão se sentando à mesa para renegociar.
Com o Brasil, no entanto, todos os indícios apontam que a disputa se tornou ideológica e pessoal. E Lula reforça isso desafiando Trump como num jogo de bar. Dizendo que dobrará a aposta do truco. Mas ele não tem cartas para enfrentar o “império”: é certo que perderá o jogo, e a conta das diatribes do consórcio Lula/STF chegará à casa de todos os brasileiros.