Crédito, Reprodução/X/@itamarbengvir
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- Author, Hugo Bachega e Alys Davies
- Role, Da BBC News em Jerusalém e em Londres
O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, visitou neste domingo (3/8) a Esplanada das Mesquitas, complexo onde está localizada a mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém.
Na visita, ele orou no local, violando um acordo de décadas que regula um dos locais mais sensíveis do Oriente Médio.
Fotos e vídeos da visita mostram Ben-Gvir liderando orações judaicas no complexo, conhecido pelos judeus como Monte do Templo, na Jerusalém Oriental ocupada.
Orar no local viola um arranjo de longa data que permite a visita de judeus, mas não a realização de orações.
O gabinete do primeiro-ministro israelense divulgou um comunicado afirmando que não houve mudança na política de Israel em manter o acordo de status quo, que permite apenas o culto muçulmano no local.
Crédito, Jerusalem Islamic Waqf / Handout/Anadolu via Getty Images
A Jordânia, que é guardiã do local, classificou a mais recente visita de Ben-Gvir como “uma provocação inaceitável”.
O grupo Hamas afirmou que se trata de “um aprofundamento das agressões contínuas contra nosso povo palestino”, enquanto um porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que a visita “ultrapassou todos os limites”.
O local é o mais sagrado para os judeus, por ter abrigado dois templos bíblicos. Para os muçulmanos, é o terceiro mais sagrado, por acreditarem que foi de lá que o profeta Maomé ascendeu aos céus.
Israel capturou o local da Jordânia durante a guerra do Oriente Médio de 1967. Pelo acordo de status quo, a Jordânia manteve seu papel histórico de guardiã do local, enquanto Israel assumiu o controle da segurança e do acesso.
Crédito, Gazi Samad/Anadolu via Getty Images
Os palestinos acusam Israel de tomar medidas para enfraquecer esse arranjo e reclamam que, nos últimos anos, visitantes judeus têm sido vistos orando sem serem impedidos pela polícia israelense.
O Waqf, fundo islâmico que administra o local, afirmou que Ben-Gvir estava entre os mais de 1,2 mil judeus que subiram ao complexo na manhã de domingo.
Ben-Gvir, um ultranacionalista que, como ministro da Segurança Nacional, supervisiona a polícia, já havia visitado o local antes, mas, segundo o Times of Israel, essa foi a primeira vez que ele orou abertamente no complexo.
Ele foi escoltado por policiais durante a entrada e o percurso pelo local.
Em uma declaração no local, Ben-Gvir disse que os vídeos “horríveis” de reféns recentemente divulgados pelo Hamas, nos quais eles aparecem desnutridos, tinham o objetivo de pressionar Israel, e pediu o retorno dos reféns.
O ministro também voltou a defender que Israel ocupe toda a Faixa de Gaza e que incentive o que descreveu como “emigração voluntária” dos palestinos do território.
Especialistas afirmam que isso equivaleria a um deslocamento forçado de civis e poderia ser considerado um crime de guerra.
Ele foi sancionado pelo Reino Unido por “incitações repetidas à violência contra comunidades palestinas” na Cisjordânia ocupada.