O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou nesta quarta-feira (6) uma acareação entre o coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Messias Bolsonaro (PL), e o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente.
A acareação, peticionada pela defesa de Câmara, ocorrerá na próxima quarta-feira (13). O procedimento jurídico, previsto pela legislação, colocará o coronel e Mauro Cid frente a frente, onde apresentarão argumentos para esclarecer contradições e fatos controversos.
No pedido da defesa de Câmara constam três tópicos que a defesa entende que precisam ser discutidos na acareação:
- A declaração dada por Cid, de que Câmara teria acessado e manipulado minutas golpistas que o ex-ajudante de ordens alega terem sido apresentadas durante reuniões no Palácio da Alvorada;
- A acusação de que Câmara teria realizado o monitoramento contínuo do ministro Alexandre de Moraes e da então chapa Lula-Alckmin, eleita em 2022;
- As falas de Cid que apontam o conhecimento de Câmara sobre as razões do monitoramento de Moraes, Lula e Alckmin e a sua suposta ligação com o kid preto Rafael de Oliveira.
Atualmente, Câmara está preso na Papuda, portanto, Moraes autorizou seu deslocamento ao STF com o uso da tornozeleira eletrônica e reforçou que o ex-assessor de Bolsonaro só poderá se comunicar com seus advogados.
“O réu preso Marcelo Câmara Costa deverá comparecer pessoalmente, mediante a instalação de equipamento de monitoramento eletrônico durante o período necessário para o deslocamento e realização da acareação, mantida a proibição de se comunicar com qualquer pessoa que não seja seu advogado”, escreveu Moraes em sua decisão.
Marcelo Câmara, integrante do “núcleo 2” da suposta organização que teria tentado promover um golpe de Estado em 2022, é réu por tentativa de golpe de Estado.
De acordo com os investigadores, este núcleo teria ficado responsável pela coleta de dados e de informações para viabilizar o suposto golpe de Estado.
Marcelo Câmara nega as acusações. Desde junho ele está preso por sob a acusação de tentar obter informações sobre a delação premiada de Mauro Cid.
Esta não será a primeira vez que Cid ficará frente a frente com outro réu por tentativa de golpe. Isso porque, em junho, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro já participou de uma acareação com o general Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente nas eleições de 2022 na chapa do PL.
Na acareação em questão, Braga Netto chamou Cid de mentiroso.
*Em atualização