O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), cancelou na tarde desta segunda-feira (5) a sessão plenária da Casa em meio a mobilização da oposição. Motta cumpre agenda em João Pessoa (PB) e anunciou nas redes sociais a convocação de uma reunião de líderes.
Mais cedo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também determinou uma reunião de líderes e disse que a ocupação das Mesas Diretoras das Casas pela oposição “constitui exercício arbitrário das próprias razões, algo inusitado e alheio aos princípios democráticos”.
A oposição pressiona pela aprovação de um “pacote da paz” no Congresso em protesto contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), anunciou que pautará a anistia assim que Motta se ausente do cargo.
“Acompanho a situação em Brasília desde as primeiras horas do dia de hoje, inclusive o que vem acontecendo agora à tarde no plenário da Câmara. Determinei o encerramento da sessão do dia de hoje e amanhã chamarei reunião de líderes para tratar da pauta, que sempre será definida com base no diálogo e no respeito institucional. O Parlamento deve ser a ponte para o entendimento”, disse Motta no X.
Durante um evento em João Pessoa (PB), o deputado destacou que a Câmara continuará funcionando com respeito ao regimento interno e à Constituição. Diante da pressão, Motta reforçou que o Conselho de Ética atua para apurar condutas irregulares de membros da Casa.
“Nós temos um Conselho de Ética que apura tudo o que pode, que tem contra qualquer parlamentar, qualquer partido, de qualquer linha ideológica. É dessa forma que a plenitude da Casa vai funcionar e irá seguir funcionando: respeitando o regimento e a Constituição”, disse o deputado a jornalistas.
Motta diz não temer ameaças de Eduardo
O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que articulou as sanções impostas a Moraes nos Estados Unidos, ameaçou Motta e Alcolumbre com restrições do governo de Donald Trump, caso os chefes do Legislativo não coloquem a anistia e o impeachment do ministro na pauta. O presidente da Câmara afirmou que não tem “nenhum receio” das ações do filho de Bolsonaro.
“Não tenho nenhum receio de qualquer colocação. Presidir a Câmara dos Deputados exige responsabilidade, há bônus e ônus. Sei do cargo que ocupo e seguirei agindo da maneira mais equilibrada possível para que os interesses da população não fiquem em segundo lugar em relação a qualquer interesse pontual”, afirmou Motta.
Em entrevista ao Metrópoles, nesta tarde, Eduardo voltou a dizer que os presidentes das Casas podem ser punidos caso “não cumpram o seu papel como representantes da sociedade”.
