Governador diz que posição estratégia manterá empresas competitivas, atrairá novas e expandirá laranja

O governador Eduardo Riedel encerrou uma rodada de conversas com empresários em São Paulo nesta sexta-feira otimista com a perspectiva de novos investimentos para Mato Grosso do Sul e a permanência no Estado de empresas que atuam no setor agropecuário e poderiam ser afetadas com o fim dos incentivos fiscais previstos na reforma tributária.
O governador Eduardo Riedel projeta investimentos superiores a R$ 100 bilhões em Mato Grosso do Sul nos próximos cinco anos. A previsão inclui R$ 25 bilhões da Bracell e R$ 20 bilhões em infraestrutura para concessões rodoviárias, incluindo as estradas da rota bioceânica, que deve iniciar operações em 2027.O Estado também registra expansão significativa no setor de citricultura, com mais de 40 mil hectares de plantio, e mantém forte produção pecuária, mesmo após a conversão de 5 milhões de hectares de pastagens para outras culturas. Riedel destaca que, mesmo com a reforma tributária e o fim dos incentivos fiscais, as empresas instaladas no estado manterão sua competitividade.
“Não é nada difícil avaliar que nos próximos cinco anos chegarão ao estado investimentos de mais de R$ 100 bilhões originários de diferentes setores”, disse em entrevista exclusiva ao Campo Grande News. Ele afirmou que com o contrato já fechado, só a Bracell colocará R$ 25 bilhões em projetos.
Riedel prevê a entrada de outros R$ 20 bilhões em infraestrutura com as novas concessões rodoviária, entre elas as estradas que alimentarão a rota bioceância, que entra em operação em 2027, e uma forte expansão do setor de citricultura, que já estendeu o plantio de mais de 40 mil hectares e atrairá novas indústrias. Veja a entrevista:
Qual é o saldo desses encontros?
É muito positivo porque geraram expectativa boa de manutenção e crescimento de investimentos que acabam refletindo no Estado, principalmente emprego, renda e mantendo esse ritmo de crescimento que Mato Grosso do Sul vem tendo. Considero positivo o interesse pelo estado nos setores de bioenergia, floresta plantada e a laranja, que é novo no Estado, mas vem se desenvolvendo. Então, acho que o saldo é bem positivo.
CG News – O secretário de Fazenda estimou entre em mais de R$ 80 Bilhões o volume de investimentos atraídos nos últimos cinco anos. Pelos contatos que tem feito é possível manter esse ritmo?
Eu acho que sim. O que estamos buscando são bons e permanentes projetos. Eu não tenho dúvida que essas discussões que a gente vem tendo aqui (São Paulo) e fora do país vão refletir na atração de bons e diferentes projetos de diferentes segmentos. Digo isso pelo que vi em termos de reação e comportamento do mercado em relação as áreas que Mato Grosso do Sul oferece. Estou bastante otimista.
CG News – Quais as mudanças devem ocorrer no setor da laranja?
Haverá ampliação diária. A gente já está chegando a 40 mil hectares, e cada hectare plantado de laranja, cada dois hectares é um trabalhador, então isso é muito significativo. Além disso, há a perspectiva que chegue ao estado a indústria processadora de laranja. Nesse caso específico, o foco é esse.
A laranja vem atrelada a discussão de infraestrutura de demandas especialmente com a rota bioceânica, que é um canal importante e que a gente tem olhando como uma grande oportunidade para alguns setores de logística. Tudo isso está numa pauta que envolve vários setores.
CG News- O senhor poderia dimensionar o que isso a poderia atrair em termos de capital e de novas empresas?
Riedel – Acho que a gente vai manter o nível de crescimento. Por exemplo: o contrato com a Bracell está fechado e no ano que vem eles começam o investimento. Estamos falando de 25 bilhões. Não é nada difícil falar que nos próximos cinco anos a gente vai ter mais de 100 bilhões investidos no Mato Grosso do Sul originários de diferentes segmentos.
Eu acho que isso é bem possível. E no setor de infraestrutura também. Veja que as duas concessões feitas recentemente, elas somam 20 bilhões em 9 anos praticamente. Então, quase 2 por ano. Nós temos uma perspectiva muito positiva de investimentos privados em concessões.
CG News – Quais os desafios?
Riedel – Eu entendo que é um grande momento para Mato Grosso do Sul. A gente está trabalhando muito para manter e ampliar. Nosso desafio é adequar esse momento para o social, criando grandes oportunidades para as pessoas. É o que a gente tem buscado manter.
CG News – A pecuária vem perdendo terras para o plantio de eucalipto destinado o plantio de eucalipto. O que isso representa?
Riedel – Foram 5 milhões de hectares de pastagem para outras culturas, não só eucalipto. Eucalipto está chegando a 2 milhões de hectares e os outros três em diversas culturas, como soja, milho, safrinha, amendoim, laranja, que apareceu aí.
O maior resultado disso (ciência) é a manutenção dos volumes de abate da pecuária de corte. Com 5 milhões de hectares a menos de pastagem, manteve-se a produção geral da pecuária de corte.
O aumento de produtividade foi muito expressivo, graças à tecnologia, à ciência e tudo o que vem acontecendo nesse setor da economia nos últimos anos. Essa parceria entre ciência com a produção agropecuária dá ganho em produtividade ano a ano por ser muito lastreada no conhecimento.
Acho que o Brasil, sem dúvidas, fez o dever de casa nessa área com muita competência e o Estado é privilegiado nisso por contar com três centros da Embrapa, três fundações, universidade federal, estadual atuando em todo o ecossistema de pesquisa e desenvolvimento, contribuindo muito para o setor.
CG News – Que mudanças pode se esperar com a rota bioceânica entrando em operação?
Riedel – Ela vai dar um impulso não só nas oportunidades de exportação e importação, mas também na logística, serviços de outras atividades econômicas que hoje o Estado não tem e que certamente surgirão aí com a rota bioceânica.
CG News – Quando a rota efetivamente em operação?
Riedel – A conclusão está prevista para o final do ano que vem. A partir de 1927 ela começa a funcionar efetivamente e num ritmo crescente até consolidar as operações nos próximos dez anos.
CG News – O Estado está preparado para as mudanças que virão com a reforma tributária, como o fim de incentivos fiscais?
Riedel – Eu acredito que sim porque as empresas atraídas pelos incentivos fiscais se tornarão são muito competitivas estando no Estado. O novo modelo de tributação (IBS no lugar do ICMS e ISS) afeta, mas também traz benefícios aqueles setores que permanecerão no estado com competitividade.
Os investimentos continuarão vindo. É por isso que nossa estratégia é atuar em cima desses setores. Se fosse um setor com a manutenção artificial de incentivo, aí seria complicado, porque provavelmente eles iriam deixar o Estado. Mas não é o caso. São setores que, estando aí, são competitivos e se consolidarão em Mato Grosso do Sul.