Cercados por terrenos abandonados, moradores ressaltam a atitude de quem mantém suas propriedades bem cuidadas
“Cuidar do que é seu, porque senão quem vai cuidar?” É o lema de Everaldo de Figueiredo, proprietário de sete terrenos pela Capital e um verdadeiro exemplo de limpeza e organização em cada um deles. Encontrar terrenos baldios abandonados por Campo Grande, com mato alto e lixo jogado, é muito fácil; o desafio foi encontrar donos conscientes que cuidam do próprio patrimônio.
Proprietários de terrenos em Campo Grande demonstram consciência e responsabilidade ao manter seus lotes limpos e organizados. Everaldo Figueiredo, de 63 anos, cuida pessoalmente de sete terrenos na cidade, enquanto Edson Yoshimitsu, arquiteto aposentado de 66 anos, mantém seu terreno impecável há mais de duas décadas. A legislação municipal exige que proprietários mantenham terrenos baldios limpos e capinados, sob pena de multa de R$ 3.276,00. Em casos de queimadas, a penalidade pode ultrapassar R$ 12.800,00. Moradores destacam a importância da manutenção para prevenção de doenças como dengue e proliferação de animais peçonhentos.
A equipe de reportagem do Campo Grande News percorreu algumas regiões da cidade atrás desses bons exemplos e conseguiu até flagrantes de donos limpando o próprio terreno. Everaldo Figueiredo foi um deles. Aos 63 anos e mesmo com duas próteses no quadril, mensalmente ele roça sozinho os sete terrenos que tem pela cidade.
“Todos eu que cuido, eu roço e limpo. Estou indo para o Noroeste e depois para o Universitário passar mata-mato nos terrenos que eu tenho. Na caminhonete está a roçadeira”, conta.
O administrador aposentado assegura que junta tempo e disposição para manter o zelo do que é seu, e até do que ultrapassa seu terreno. “A frente aí quem roça sou eu, ao lado também. Não são meus, mas eu cuido. Vai muito de pessoa para pessoa”, relata, apontando para as áreas. Ele tem quatro terrenos na Vila Polonês, na região do Carandá Bosque. Um fica ao lado do de sua residência, onde cultiva pomares e outras plantas para cultivo próprio.
E por que ele mantém todo esse cuidado? “A minha terapia é essa, é roçar os meus terrenos”, enfatiza Everaldo.
Essa é uma forma de lazer do aposentado, mas ele não se esquece de que também é uma obrigação. A legislação de Campo Grande exige que os proprietários mantenham seus terrenos baldios limpos, capinados, sem entulhos ou mato alto, sob pena de multa e execução compulsória dos serviços pela Prefeitura.
Everaldo conta que, enquanto fazia a limpeza do local, frequentemente era abordado por pessoas que perguntavam “quanto o dono estava pedindo na casa?”, e ele respondia que o dono era ele mesmo. Também já lhe ofereceram pagamento via Pix para que roçasse o terreno, mas hoje ele afirma que só presta esse tipo de serviço por prazer, e não em troca de dinheiro.
“Tem vários terrenos que o pessoal não cuida. Até os meus, que eu limpo, às vezes o pessoal pega lixo e joga”, ele costuma sempre dar uma conferida nos terrenos e afirma que não recebe notificação da prefeitura há alguns anos.
Outro proprietário que afirma nunca ter recebido notificação é Edson Yoshimitsu, arquiteto aposentado de 66 anos, que foi encontrado cortando grama. Com seu terreno próximo ao Estrela Dalva, ele é mais um dono com estrela de ouro no quesito cuidado. “Sempre faço essa manutenção, procuro manter sempre, porque o pessoal joga muito lixo, acham que está abandonado. Quando está meio sujo, o pessoal vem e joga mais lixo. Principalmente de noite”. Ele conta que há oito anos teve que construir o muro para diminuir esse hábito das outras pessoas e manter seu terreno mais limpo.
Edson tem este terreno há mais de 20 anos e diz que faz toda a manutenção sozinho, por ser criterioso com o seu cuidado. Ele não tem uma frequência exata para cuidar de seu terreno. “Depende. Quando chove muito, o mato cresce mais rápido, então tem que vir mais vezes”, comenta.
Mais ao lado norte, no bairro Vila Nasser, Hudson Vieira da Rosa, de 34 anos, mora próximo de um terreno desocupado, com o mato baixo e nenhuma ocupação ou lixo. Ele comenta que o proprietário costuma manter esse espaço bem “limpinho” e ainda reforça a importância maior de manter o local limpo.
“Principalmente por conta da dengue e outras doenças. Manter limpo para evitar bichos, para mim esse é o principal. Aqui é sempre bem cuidado. Se está limpo, já é de bom tamanho”, relata o morador.
Rumo ao Noroeste, Vanessa Nascimento, de 37 anos, compartilha da opinião sobre as limpezas constantes serem a melhor medida sanitária para os moradores. Ela foi encontrada caminhando pelo bairro Santa Luzia, onde mora há 8 anos, próximo a um terreno que seria um verdadeiro exemplo, mas, infelizmente, esse caso não se repete ao lado de sua residência.
“Se fossem todos iguais àquele terreno, seria bom. É importante estarem limpos para não pegarem fogo, para não atrair bichos para nossa casa, escorpião, aranha. É bem perigoso, principalmente para quem tem criança, mas a gente também. Às vezes, andando descalço, você encontra. Direto acontece, como meu vizinho que não carpe o quintal”, relata a moradora do Santa Luzia.
Na Capital, os proprietários são obrigados a manter terrenos baldios limpos, capinados e sem entulho, conforme a Lei Complementar nº 891/2023 e o Código de Polícia Administrativa (LC nº 2.909/1992). A falta de manutenção pode gerar multa de cerca de R$ 3.276,00 e, em caso de queimada, o valor pode ultrapassar R$ 12.800,00.
Se o terreno não for limpo, a Prefeitura realiza o serviço e cobra do dono com acréscimo de 10% sobre o valor. Reincidências podem dobrar o valor da multa. Denúncias podem ser feitas pelo 156 ou pelo aplicativo Fala Campo Grande.

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