A frete em pesquisa, ministra é cortejada por amigos do presidente e pode influenciar também na eleição em MS

O nome da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), começa a ganhar força como possível candidata ao Senado por São Paulo em 2026, com apoio direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da base petista no Estado. A movimentação, reforçada pela pesquisa Atlas Intel, que a coloca na dianteira, já mexe com articulações tanto em São Paulo quanto em Mato Grosso do Sul.
Ministra Simone Tebet, cotada para o Senado por São Paulo, mira 2030. Com apoio de Lula e do PT paulista, Tebet lidera pesquisas e se fortalece para a disputa em 2026. Grupo Prerrogativas articula sua candidatura, visando a presidência em 2030. Jantar com empresários e políticos paulistas marca sua entrada no cenário estadual. Tebet, popular em São Paulo desde a disputa presidencial, reúne apoio da esquerda e de parte da direita. Sua possível candidatura impacta o cenário político em Mato Grosso do Sul, seu estado natal, e causa reações no MDB. A ministra é vista como um nome forte para o Senado, com potencial para unir diferentes espectros políticos e se destacar no cenário nacional.
Mais do que a eleição de 2026, a articulação conduzida pelo grupo Prerrogativas, coletivo de juristas, advogados e intelectuais próximos ao governo, é pensada como estratégia de longo prazo. O plano inclui a disputa pelo Senado no ano que vem e a construção de um perfil competitivo para 2030, quando se projeta um cenário político menos polarizado.
“É uma mulher jovem, pode se preparar para coisas maiores. Ainda terá um papel decisivo na vida política brasileira”, disse ao Campo Grande News o coordenador do Grupo Prerrô, Marco Aurélio de Carvalho.
A sondagem eleitoral deu a ela 22,1% da preferência do eleitoral, contra 19,7 do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (que foi prefeito paulistano e disputou a presidência e o governo estadual pelo PT) e confortável distância dos dois nomes mais fortes da extrema direita, Eduardo Bolsonaro, do PL, com 14,8% e Guilherme Derrite, também do PL, com 14,4%.
Grupo abre caminho em São Paulo – Carvalho é um dos organizadores de um jantar marcado para esta quinta-feira, 11 de setembro, em São Paulo, na casa do empresário Sérgio Zimerman, fundador e CEO da Petz, maior rede de varejo pet do país. O encontro deve reunir cerca de 200 convidados e simboliza a entrada de Simone no tabuleiro paulista.
Embora a ministra evite falar de candidatura, a movimentação é clara: “Ela está sendo super festejada, recebida com muito carinho, na mesma semana em que aparece em primeiro lugar nas pesquisas”, afirma Marco Aurélio.
Segundo ele, o jantar não será para definir candidatura, mas pode pavimentar o caminho: “Nesse momento ela está sendo disputada. Isso é uma valorização de todas as qualidades que tem. É bom para a política. É um luxo para São Paulo poder contar com a candidatura da Simone.”
A ideia do grupo é robustecer uma base que a credencie como alternativa presidencial em 2030, sobretudo se Lula conseguir a reeleição em 2026. “Nós achamos que ela é uma figura maravilhosa, leal ao presidente e uma das grandes responsáveis pelo sucesso do governo em várias áreas. Ela precisa ter protagonismo político, que vai além da eleição”, diz Carvalho. Próximos de Lula, ele e o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, não tomariam a iniciativa sem o sinal verde do presidente.
O coordenador do Prerrogativas reforça a proximidade de Simone com Lula: “Ela é uma mulher extremamente preparada, tem espírito público, é da confiança integral do presidente. A melhor votação que ela teve, quando disputou a Presidência, foi em São Paulo. Então, é natural que saia candidata pelo Estado.” Ele lembra o episódio de 2022: “O presidente se encantou com a Simone no dia em que ganhou as eleições, quando ela declarou apoio sem pedir absolutamente nada.”
No cálculo político, Lula e a esquerda paulista querem eleger dois senadores em 2026. Avaliam que, com a radicalização da extrema direita e o acirramento do conflito com o Supremo Tribunal Federal, o Senado será o palco central da crise institucional. Simone, que se destacou nos embates da CPI da Covid, teria perfil adequado e apoio dos partidos do campo progressista. “O PT paulista está louco para que ela seja candidata. O Haddad quer, o Edinho (Edinho Silva, presidente nacional do PT) também. O único que resiste é o Baleia Rossi, presidente do MDB”, afirma Marco Aurélio.
Impacto em Mato Grosso do Sul – Principal aliado da candidatura presidencial de Simone em 2022, Baleia agora se aproxima do governador Tarcísio de Freitas e, embora tenha dado aval para que ela dispute pelo MDB em Mato Grosso do Sul, não dá sinais de que liberaria a legenda em São Paulo. Nos bastidores, circula a hipótese de candidatura pelo PSB, ventilada pela deputada Tabata Amaral, caso o MDB negue legenda. Pelo desejo da ministra, o ideal seria sair pelo MDB e uma nova aliança do partido com Lula. A legenda é endereço histórico do clã Tebet.
O impacto da movimentação paulista já repercute em Mato Grosso do Sul. Aliados locais do MDB dizem que, no máximo, garantiriam a Simone uma candidatura independente, fora do palanque do governador Eduardo Riedel e do ex-governador Reinaldo Azambuja. “Se ela optar por São Paulo, seria a melhor coisa do mundo para nós”, disse, sob reserva, um dirigente do partido. O único obstáculo pessoal seria o marido da ministra, o ex-deputado Eduardo Rocha, hoje chefe da Casa Civil de Riedel, cota da ala emedebista minoritária comandada por Simone.
Atualmente, Simone é a única política sul-mato-grossense cortejada por dois Estados. No PT local, havia expectativa de que disputasse o governo ou o Senado. A eventual opção por São Paulo pode mudar os planos do ex-governador José Orcírio de Miranda, o Zeca do PT, que queria apenas tentar a reeleição como deputado estadual. Ele admitiu ao Campo Grande News que soube de rumores segundo os quais Lula chegou a sondá-lo sobre a possibilidade de disputar o governo, mesmo diante do favoritismo de Riedel.
“Eu não tenho pretensão de ser candidato ao governo. Acho que o nome novo é o do Fábio Trad (recém filiado ao partido). Ele é bem melhor. Evidentemente, vamos ter que convencê-lo politicamente dessa candidatura. Estou tentando marcar com o presidente Lula para ir com ele lá em Brasília. Lula já o conhece”, disse Zeca.
Matreiro, o ex-governador tratou logo de lançar a própria esposa, Gilda Maria dos Santos, como vice. O problema é que Fábio prefere disputar vaga de deputado federal e, se optar pelo governo, entraria em nova rota de colisão com o irmão, senador Nelsinho Trad (PSD), cujo acordo com Azambuja por uma vaga no Senado já enfrenta turbulências.
Na avaliação de Zeca, o fator Simone e a possibilidade de um racha na direita estadual — com Capitão Contar (PRTB) e Marcos Pollon (PL) insatisfeitos com a liderança de Azambuja — poderiam levar a disputa ao segundo turno. “Se sairmos com o Fábio, e na extrema direita tiver alguém como o Contar de novo, complica a vida do Riedel. Aí passa a ser eleição em dois turnos. Temos que nos preparar bem.” Contar tem afirmado que pretende disputar o Senado.
Paulistana – Para Marco Aurélio, a dimensão política de Simone ultrapassa fronteiras regionais: “Poucos políticos têm a chance de ampliar sua envergadura saindo do Estado de origem. A Simone tem essa chance.”
Ele reforça ainda a boa imagem da ministra em São Paulo: “Não é uma construção artificial. A Simone gosta de São Paulo, passa as férias no litoral, tem apartamento e filhas morando na capital. A maior votação dela para a Presidência foi aqui. Ter a Simone seria um luxo. Eleitoralmente, teria votos da esquerda, do centro e até de uma direita civilizada. Isso a torna uma candidatura imbatível em São Paulo.”
E conclui sobre o futuro: “Se disputar e for eleita, só não será ministra se não quiser. No Senado, se deu super bem. Em São Paulo, acho que se elege com mais facilidade do que no Mato Grosso do Sul.”