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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (15/9) que as Forças Armadas americanas realizaram um segundo ataque a uma embarcação que teria partido da Venezuela levando drogas para os EUA.
Segundo Trump, a operação resultou na morte de três homens e nenhum militar americano ficou ferido durante o ataque.
A ação foi anunciada pelo americano na sua rede social Truth Social e a mensagem foi reproduzida na conta oficial da Casa Branca no X (antigo Twitter).
Minutos depois, o perfil da Casa Branca no X postou um vídeo que seria da embarcação explodindo em alto mar após ser atingida por um projétil americano.
“O ataque ocorreu enquanto esses narcoterroristas confirmados da Venezuela estavam em Águas Internacionais transportando narcóticos ilegais (UMA ARMA MORTAL ENVENENANDO AMERICANOS!) com destino aos EUA”, escreveu Trump, na postagem em suas redes sociais.
“Fiquem avisados — se vocês estiverem transportando drogas que podem matar americanos, nós estamos caçando vocês!”, completou o presidente dos EUA, em sua escrita característica com letras em caixa alta.
Um primeiro ataque contra um barco que teria partido da Venezuela levando drogas foi anunciado por Trump em 2 de setembro — na ocasião, o republicano anunciou a morte de 11 pessoas em decorrência da ação militar americana.
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Mais cedo naquele dia, Trump havia declarado que o país continua recebendo muitos carregamentos de drogas e que “muitos deles vêm da Venezuela”.
“Temos muitas drogas entrando em nosso país e chegando há muito tempo. E elas vinham da Venezuela e estavam vindo muito da Venezuela. Muitas coisas estão saindo da Venezuela”, disse Trump, no início de setembro.
Desde o retorno de Trump à Casa Branca em janeiro, o governo americano classificou diversas organizações de tráfico de drogas e grupos criminosos no México e em outras partes da América Latina como organizações terroristas.
Entre elas, estão o Tren de Aragua e o Cartel de los Soles, grupo que as autoridades americanas alegam ser comandado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro e outros altos funcionários do governo, alguns oriundos das Forças Armadas ou dos serviços de inteligência do país. O governo venezuelano nega.
EUA x Venezuela: a escalada de tensão
Em 19 de agosto, veio a público a informação de que uma esquadra de navios militares americanos havia sido despachada para o sul do Caribe, para perto da costa da Venezuela, transportando estimados 4,5 mil soldados americanos, sendo a metade deles fuzileiros navais. E mais navios foram enviados na semana seguinte.
A Casa Branca alega que a operação teria como objetivo combater o tráfico de drogas. Trump considera a imigração e a entrada de drogas pela fronteira dos Estados Unidos como ameaças à segurança nacional americana.
“Ele [Trump] está preparado para usar todos os elementos da força americana para impedir que drogas entrem no nosso país e para levar os responsáveis à Justiça”, declarou Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca.
Já o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, diz que o combate ao narcotráfico é um “falso pretexto para impor políticas intervencionistas na América Latina e no Caribe”.
“A causa que defendemos é muito grande, então uma mudança de regime não é apenas ilegal, mas também imoral. E eles não vão conseguir colonizar ou escravizar a Venezuela, a América do Sul ou a nossa América. E, se um dia eles tentarem tocar na Venezuela, toda a América vai se levantar por nós”, disse Maduro.
Maduro também anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos para defender a soberania do país e convocou civis pra se alistarem na chamada Milícia Bolivariana, um ramo das Forças Armadas da Venezuela formado por civis voluntários.
Nas últimas semanas, milhares de venezuelanos fizeram filas em Caracas para se alistar.
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Conflito de longa data
Os Estados Unidos são um adversário de longa data do regime venezuelano, mas essa rivalidade tem se intensificado sob Donald Trump.
Ainda no primeiro mandato de Trump, Nicolás Maduro e aliados foram indiciados nos Estados Unidos por terrorismo, corrupção e tráfico de drogas.
Naquela época, também foram despachados navios de guerra americanos pra ações de combate ao narcotráfico nas águas do Caribe. Trump chegou a falar em usar a força militar contra a Venezuela, embora isso não tenha se concretizado.
Agora, além do ataque à embarcação venezuelana no Mar do Caribe, os Estados Unidos voltaram a intensificar a retórica contra Maduro, não só aumentando a recompensa pela prisão do presidente venezuelano, como anunciando o congelamento de centenas de milhões de dólares em supostos bens dele.
“O Departamento de Justiça reteve mais de US$ 700 milhões de ativos ligados a Maduro, incluindo dois jatinhos privados, nove veículos e mais (…) Ele é um dos maiores narcotraficantes do mundo e uma ameaça a nossa segurança nacional”, declarou Pam Bondi, procuradora-geral dos EUA, ao anunciar as novas sanções contra Maduro.
O presidente venezuelano rejeita a acusação de que tem ligações com cartéis de drogas.
Ao mesmo tempo, o governo dele é bastante questionado pela comunidade internacional por suspeitas de fraude na eleição presidencial venezuelana de 2024.
Maduro nega qualquer fraude, mas nunca apresentou as atas oficiais das urnas que foram requisitadas pelo Brasil e por outros líderes globais.