Vice-presidente da CNBB compara condenação de Bolsonaro aos EUA


O vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), D. Paulo Jackson, afirmou nesta sexta-feira (12) que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por supostamente liderar uma tentativa de golpe de Estado foi resultado de um julgamento que faltou aos Estados Unidos, que passaram por uma situação semelhante em 6 de janeiro de 2021.

Na ocasião, apoiadores do presidente Donald Trump em seu primeiro mandato ocuparam o Capitólio, em Washington, durante a certificação da vitória de Joe Biden. Apesar dos atos, o agora novamente presidente não foi criminalmente condenado, enquanto que, no Brasil, diversos participantes do suposto plano de golpe foram processados.

Para o arcebispo, isso evidencia que o julgamento de Bolsonaro reforça as instituições de uma forma que não ocorreu no país norte-americano. “Aconteceu praticamente a mesma coisa [nos Estados Unidos] e não houve julgamento nenhum”, afirmou a jornalistas ao final do XVI Encontro de Bispos dos Países Lusófonos, em Lisboa.

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D. Paulo Jackson ressaltou que “mesmo tendo havido essa crise institucional, o país e as instituições saem reforçadas” com o julgamento do que chamou de “núcleo central da tentativa de golpe militar”.

“A impressão que tenho é que as instituições saem reforçadas, bastante reforçadas desse processo. A tentativa de golpe foi frustrada, mas, infelizmente, houve atentados contra, não somente o Supremo Tribunal Federal, mas também contra o Poder executivo e contra o poder legislativo”, disse o arcebispo.

O religioso afirmou ainda que o fortalecimento das instituições e a defesa do Estado democrático de Direito são essenciais, e que a Igreja Católica tem atuado nesse sentido no Brasil e em outros países lusófonos.

D. Paulo Jackson também criticou as tarifas impostas pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros, em vigor desde 6 de agosto, afirmando não serem razoáveis e “completamente não explicadas”.

“Acho que a taxação de produtos brasileiros, como retaliação ao funcionamento democrático das instituições, não é razoável”, afirmou.

O vice-presidente da CNBB reconheceu que o Brasil enfrenta um “processo muito grande de polarizações” e destacou a atuação da Igreja para mitigar os impactos sociais. “A Igreja Católica, por meio da Conferência Episcopal – e nós bispos, em particular, em cada uma das nossas igrejas particulares – tem feito um trabalho gigantesco para tentar mitigar ou minimizar as consequências desses processos de polarização existentes”, declarou.

D. Paulo Jackson ainda reforçou a necessidade de iniciar um “processo de reconciliação, de pacificação, respeitando as instituições, respeitando a legislação, respeitando o Estado democrático de Direito”.

“O processo de pacificação não prescinde do respeito pela lei, mas é um processo no nível espiritual que deve envolver profundamente as nossas comunidades”, concluiu.



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