A vitamina C é um dos ativos mais conhecidos e desejados no skincare. Sua potente ação antioxidante e capacidade de estimular a produção de colágeno e uniformizar o tom da pele faz com que esteja presente em inúmeros cosméticos faciais. O mesmo ainda não acontece com produtos de cuidados corporais.
Um dos fatores para a menor inserção da vitamina C em bodycare é a instabilidade de sua molécula. “A vitamina C, especialmente em sua forma mais pura, o ácido ascórbico, é altamente instável, oxidando facilmente em contato com luz, calor e ar. Para garantir eficácia e estabilidade ao longo da vida útil do produto (comercializado em volumetrias maiores na categoria), é necessário utilizar tecnologias específicas de estabilização, como sistemas de liberação controlada, ou formas derivadas mais estáveis”, afirma Mariana Lima, gerente técnica de pesquisa e desenvolvimento da ADCOS.
No sérum rejuvenescedor corporal Ivy C Corpo e Colo, a Mantecorp Skincare incorpora a versão nanoencapsulada da vitamina C. “Isso significa que o ativo é inserido dentro de nanocápsulas lipídicas, que protegem a molécula contra as agressões externas, impedindo sua oxidação e degradação, e garantem sua eficácia por mais tempo. Além disso, dentro das nanocápsulas, a vitamina C penetra em sua totalidade na pele e direto no alvo de ação, sendo liberada gradativamente durante oito a 12 horas, o que permite um aproveitamento máximo do ativo e manutenção dos seus benefícios ao longo do dia”, explica a dermatologista Carla Presti, gerente médica da marca de dermocosméticos.
Questão mercadológica influencia a presença menor do ativo em bodycare
Para a médica, apesar de ser uma barreira, a instabilidade da vitamina C não é o principal motivo para o ingrediente não ser ainda tão utilizado pela categoria corporal. “É mais uma questão mercadológica. O consumidor brasileiro não procura, pelo menos nos produtos tópicos corporais, a indicação de rejuvenescimento da mesma maneira que buscam para a face. No cuidado corporal, a prioridade geralmente está voltada para a hidratação. Acredito que esse comportamento do consumidor seja, sim, a principal razão para essa diferença tão marcante entre as duas categorias.”
Lima compartilha da mesma visão. “O consumidor brasileiro, de modo geral, investe mais em skincare facial do que em bodycare, tanto em termos de rotina quanto em variedade de produtos.” No portfólio corporal da ADCOS, a vitamina C surge no Derma Complex Anti-Aging Corporal. “Entendemos que o tratamento corporal é tão importante quanto o facial e, por isso, buscamos antecipar tendências e educar o consumidor sobre a importância de ativos como a vitamina C também no cuidado com o corpo.”
Cresce a busca por tratamentos corporais mais sofisticados
Segundo a gerente técnica de P&D da ADCOS, a vitamina C tem potencial para ganhar cada vez mais espaço nas formulações de cuidados corporais. “Isso deve acontecer à medida em que cresce o interesse por tratamentos corporais mais sofisticados e já temos observado esse movimento dos consumidores, que estão ampliando sua atenção para o cuidado com o corpo, enxergando como uma extensão natural da rotina de skincare.”
Marcas do mercado massivo de cosméticos no Brasil também estão fazendo investimento nesse sentindo. A Neutrogena lançou em sua linha Body Care Intensive o hidratante Hidrata&Revitaliza, com vitamina C. e a Dove incluiu em sua coleção de séruns corporais uma versão uniformizadora, que combina o ativo com niacinamida.
“A vitamina C é um ativo excelente na prevenção e no tratamento do envelhecimento cutâneo. E, assim como a pele do rosto, a pele do corpo também merece atenção e cuidados específicos”, finaliza Presti.